O que é fibromialgia e quais seus principais sintomas?
A fibromialgia (FM) é uma síndrome de dor crônica, que tem como suas principais características e sintomas :
- Dor generalizada nos músculos e articulações ( dor na coluna, pernas e braços ). Sensação de que “tudo dói”.
- Fadiga (cansaço)
- Distúrbios do sono ( dificuldade para dormir ou “pegar no sono”, sensação de não ter descansado durante o sono da noite )
- Distúrbios de cognição (dificuldades na atenção, raciocínio e memória)
- Distúrbios de humor (ansiedade e depressão)
- Síndromes funcionais e outras manifestações : tonturas, intestino irritável, enxaqueca, vaginismo (dor na relação sexual sem motivo aparente), parestesias (formigamentos, dormências e queimação em pés e mãos), cistite intersticial (dor, irritação ou inflamação da parede da bexiga), síndrome das pernas inquietas, disfunção da articulação temporomandibular, dor pélvica crônica, síndrome da faciga crônica.
A fibromialgia é uma doença frequente?
Apresenta uma alta prevalência mundial e, especificamente no Brasil, alguns estudos relatam prevalência de 2 a 2,5% da população. A fibromialgia é mais frequente nas mulheres e portadores de doenças crônicas, geralmente iniciando entre os 25 e 65 anos. A doença também acomete o sexo masculino, mas normalmente é de mais difícil identificação.
O que causa a fibromialgia ?
Existem vários fatores envolvidos no desencadeamento da doença, tais como fatores genéticos, disfunções do sistema hormonal, anormalidades psicológicas e, principalmente, anormalidades na transmissão de substâncias (neurotransmissores) e estruturação no sistema nervoso central.
Pode-se entender a fibromialgia como uma síndrome de sensibilização central. A sensibilização central pode ser definida como uma resposta anormal e inadequada do sistema nervoso aos estímulos. Em outras palavras, é como se o cérebro das pessoas interpretasse de forma exagerada os estímulos, ativando todo o sistema nervoso para fazer a pessoa sentir mais dor.
O fenômeno de sensibilização do sistema nervoso central (SNC) inicia-se já na infância e adolescência tem forte influência genética. Um familiar de primeiro grau de um paciente com fibromialgia chega a ter 8 vezes mais chances de ter o mesmo quadro do que a população geral. Outras condições que também são envolvidas com sensibilização do SNC também são herdadas em conjunto, como a síndrome do intestino irritável e a enxaqueca.
A Fibromialgia também pode aparecer depois de acontecimentos graves na vida de uma pessoa, como
um trauma físico, psicológico ou mesmo uma infecção grave. O mais comum é que o quadro comece com uma dor localizada crônica, que evolui e passa a envolver todo o corpo. O motivo pelo qual algumas pessoas desenvolvem Fibromialgia e outras não ainda é desconhecido. O que não se discute mais é se a dor do paciente é real, pois já sabemos que sim: a dor é real e muito intensa.
Tenho fibromialgia e sinto dor crônica. Por que as pessoas ao meu redor e até profissionais de saúde as vezes não acreditam quando eu afirmo que sinto muita dor?
A Fibromialgia é uma doença em que não existe uma lesão dos tecidos ou células – não há inflamação, autoimunidade desregulada ou degeneração. Com estudos mais modernos, verificou-se que a dor na Fibromialgia é causada por uma amplificação dos impulsos dolorosos, como se a pessoa tivesse um controle de interpretação e sensação de dor desregulado. Isso só é visto em exames muito específicos, em pesquisas científicas.
Na prática clínica, não há como provar que a pessoa está sentindo dor crônica e a reação corporal da dor crônica é muito diferente da reação da dor aguda. O paciente não está agitado, suando frio, gritando como acontece em um infarto, uma queda, corte ou uma cólica renal. Na dor crônica, na maioria das vezes a pessoa comunica-se bem e parece calma. A reação à dor nota-se na presença de depressão, afastamento social, alteração do sono e cansaço.
Tudo isso leva algumas pessoas, até mesmo profissionais de saúde, a terem dúvidas se os sintomas são reais ou não. Mas a experiência acumulada de anos, as histórias de dor muscular e outros sintomas sendo descritos da mesma maneira em vários locais do mundo, e mais recentemente a visualização do cérebro do paciente com Fibromialgia em funcionamento, permitem uma classificação bastante adequada dos pacientes como tendo esta condição, que é uma doença real com dor real.
Como é realizado o diagnóstico de Fibromialgia?
O diagnóstico da Fibromialgia é guiado por sintomas clínicos. O reumatologista durante a consulta obtém algumas informações que são essenciais. Os sintomas mais importantes são dor generalizada, dificuldades para dormir ou acordar cansado e sensação de cansaço ou fadiga durante todo o dia.
Alguns outros problemas podem acompanhar a Fibromialgia como depressão, ansiedade, alterações intestinais ou urinárias, dor de cabeça frequente, entre outros. Ao examinar, o médico pode observar uma grande sensibilidade em pontos especificos dos musculos. Estes pontos são conhecidos como pontos dolorosos. Hoje não se valoriza muito a quantidade de pontos que estão dolorosos, mas a sua presença ajuda nesse diagnóstico.
Preciso realizar algum exame?
Não existem exames para Fibromialgia. O seu médico reumatologista pode pedir exames para excluir doenças que se apresentam de forma semelhante à Fibromialgia ou ainda para detectar outros problemas que podem ocorrer junto e influenciar na sua evolução.
Tem cura para Fibromialgia?
Não existe cura para a fibromialgia, mas é uma condição clínica que pode ser controlada a ponto do paciente não sentir dor nenhuma ou ter dores em níveis muito baixos. Os outros sintomas como a fadiga, a alteração do sono e a depressão também podem ser tratadas adequadamente.
Posso ficar deformado ou “aleijado” pela doença?
Embora não exista cura, ela não é uma doença progressiva. Nunca é fatal e não causa danos às articulações, aos músculos, ou órgãos internos. Embora ainda não tenha sido descoberta a cura para Fibromialgia, em muitas pessoas ela melhora com o tempo, e há casos nos quais os sintomas retrocedem quase totalmente.
Como é o tratamento da Fibromialgia?
O tratamento deve contar com estratégias medicamentosas e não medicamentosas em abordagem abrangente e com participação ativa do paciente. Entre as medidas não medicamentosas se destacam a educação do paciente, os exercícios e as terapias psicológicas:
Educação do paciente
O conhecimento por parte do paciente da natureza dos seus sintomas, dos objetivos e das etapas do tratamento, da necessidade de sua participação ativa na melhor estratégia para o tratamento da sua doença e ainda dos fatores que influenciam seu sintomas pode fazer toda a diferença entre o sucesso e o fracasso do tratamento. A educação pode também orientar contra medidas com eficácia duvidosa e advinda de charlatões. Pode ser individual ou em grupo, pessoal ou por meio de métodos educativos gráficos ou ainda eletrônicos.
Exercícios
O combate ao sedentarismo e o estímulo aos exercícios físicos estão entre as medidas mais reconhecidas como essenciais para o tratamento. Os exercícios aeróbicos ( exemplos: caminhada, corrida, bicicleta, dança, entre outros) são os mais estudados. Reduzem os sintomas, melhoram a função, os aspectos emocionais e a qualidade de vida, tanto no solo como na água. A prescrição de exercícios deve levar em conta as individualidades de cada paciente, sugerindo que a progressão da duração, da intensidade e da carga seja mais lenta do que na população geral.
Terapias psicológicas
O papel das emoções, estresse e a associação com doenças como depressão e ansiedade devem ser levados em conta. Isto pode ser corrigido com técnicas psicológicas e, entre elas, destaca-se a terapia cognitivo-comportamental, realizadas com psicólogos. Em algumas situações, também é necessário acompanhamento com psiquiatra e uso de medicamentos específicos para algum diagnostico que acompanhe a fibromialgia.
Após este diagnóstico, posso ter esperança de que vou melhorar e recuperar minha qualidade de vida?
Sim, tenha esperança e seja otimista! Isto é extremamente importante e essencial para o sucesso do tratamento. Como citado anteriormente, há várias modalidades de tratamento e alguns medicamentos que podem ser prescritos pelo reumatologista para ajudar o paciente neste processo. Encontrar um médico que lhe escute e tire todas as suas dúvidas é essencial para que você passe por esse processo bem acompanhado e orientado.
Não desistir do seu tratamento e da sua melhora é sinônimo de não desistir de você! Tenha esperança.
Fontes: Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia (2ª edição) e Cartilha da Sociedade Brasileira de Reumatologia sobre Fibromialgia – Adaptado por Bruna Rufino Leão Santos.
Leia mais em:
https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/fibromialgia-e-doencas-articulares-inflamatorias/
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