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Febre Chikungunya

A febre Chikungunya é uma arbovirose causada pela transmissão do vírus Chikungunya (CHIKV) pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. A doença causa febre associada à dor intensa e incapacitante nas articulações.

Como ocorre a transmissão do Vírus Chikungunya?

A transmissão do vírus da Chikungunya inicia-se com a picada pela fêmea infectada do mosquito Aedes aegypti ou Aedes albopictus, com ciclos de transmissão semelhantes aos da dengue e zica. A via de transmissão da mãe para o bebê durante a gravidez, parto ou amamentação também já foi descrita.

mosquito da febre chikungunya

Se eu for picado pelo mosquito Aedes infectado com o vírus Chikungunya, qual a chance de apresentar a doença?

A febre Chikungunya tem alta taxa de ataque, atingindo até 75% de uma população não infectada previamente, em uma única epidemia. Até 2016, a maior concentração de casos estava nos estados do Nordeste (86,5%). Em 2017, os casos incidentes aumentaram em outras regiões do país, especialmente Norte e Centro-Oeste. Em 2019, foram notificados no Brasil mais de 132.000 casos prováveis , sendo a maior parte nas regiões Sudeste (104,6 casos/100.000 habitantes) e Nordeste (59,4 casos/100.000 habitantes). No entanto, acredita-se que estes dados sejam menores que os valores reais, visto que a notificação não é realizada na grande maioria dos casos.

Sintomas da Febre Chikungunya

A doença pode apresentar até três fases: aguda (7 a 14 dias), subaguda (15 dias a 3 meses) e crônica (além de 3 meses).

  1. Fase aguda: sintomática em 80 a 97% dos pacientes. Febre de início súbito e dores e inflamação nas juntas em praticamente 100% dos casos, comumente atingindo várias articulações (mãos, punhos, tornozelos e pés), sendo, na maioria das vezes, de caráter incapacitante. Outras manifestações menos frequentes incluem fraqueza, dor muscular, náuseas/vômitos, diarreia, dor atrás dos olhos, conjuntivite, dor na coluna, manchas avermelhadas na pele com ou sem coceira, inchaço no rosto e nos membros, aumento de linfonodos.
  2. Fase subaguda: ocorre em cerca de 50% dos pacientes, com predomínio dos sintomas articulares. Persistência da dores e inflamação nas juntas, bursite, tenossinovite, associada à rigidez (uma espécie de “travamento” nas juntas principalmente pela manhã) e fraqueza, com evolução contínua ou em surtos.
  3. Fase crônica: pode ocorrer na forma de queixas contínuas (20-40%) ou em surtos (60-80%) e inclui a presença de dores nas articulações de intensidade variável, predominando em punhos, mãos, tornozelos e joelhos, em associação com rigidez e inchaço articular. Mesmo pacientes que apresentam melhora significativa inicial podem apresentar novos surtos da doença em até 72% dos casos, com intervalos que variam de uma semana a anos, com diferentes sintomas e com comprometimento das mesmas articulações acometidas previamente.
chikungunya pé inchado tornozelo inchado edema de tornozelo edema de pé dores nas juntas

A febre Chikungunya pode ser uma doença que traz risco à minha vida ?

Alguns casos podem evoluir de forma incomum, com aparecimento de sintomas menos frequentes, como lesões na pele, insuficiência renal, pneumonia, insuficiência respiratória, diarreia, vômitos, hepatite aguda, insuficiência cardíaca, encefalite, síndrome de Guillain-Barré, neurite ótica, uveíte anterior, queda dos níveis de plaquetas, ou por apresentar sinais de gravidade. A frequência dos quadros graves é de 0,3%, sendo portanto raros, geralmente relacionados à idade avançada (acima de 65 anos) e presença de comorbidades (exemplos: hipertensão ou diabetes não controlados, problemas cardíacos, sistema imune suprimido por doenças ou medicações, entre outros).

Diagnóstico da Chikungunya

O diagnóstico na fase aguda da doença é clínico, ou seja, guiado pelos sintomas e não precisa inicialmente de exames de sangue. Atualmente, no Brasil, a recomendação do Ministério da Saúde é utilizar os seguintes critérios para definição de caso suspeito da doença:

  • Início abrupto de febre > 38,5°C
  • Artralgia/artrite (dor ou inchaço nas articulações) intensa de início agudo não explicada por outras condições clínicas em indivíduo que reside ou visitou área endêmica ou epidêmica no prazo de 15 dias antes do início de sintomas ou teve contato com caso confirmado.

Para considerar como caso confirmado devem ser utilizados os critérios laboratoriais:

  • Presença de RNA do CHIKV avaliada por RT-PCR (reação em cadeia de polimerase);
  • Presença de anticorpos IgM específicos para CHIKV (este é o método mais utilizado e mais acessível)
  • Aumento de quatro vezes nos valores de anticorpos IgG específicos para CHIKV em amostras recolhidas, pelo menos, com 10-14 dias de intervalo

Tratamento da Chikungunya

O tratamento das manifestações reumatológicas dependerá da fase em que a doença se encontra e da gravidade dos sintomas.

  • Fase aguda: recomenda-se o uso de analgésicos comuns e/ou opioides fracos do tipo paracetamol ou dipirona, a depender da intensidade da dor. Deve-se evitar o uso de corticoides e anti-inflamatórios. Naqueles indivíduos cuja dor está associada a queimação e dormências, poderão ser utilizados alguns tipos de antidepressivos ou anticonvulsivantes.
  • Fase subaguda: além dos analgésicos/opioides, podem ser utilizados anti-inflamatórios não hormonais e glicocorticoides (prednisona ou prednisolona) sobretudo naqueles com manifestações articulares inflamatórias, devendo a sua retirada ser realizada de modo lenta e gradual, de acordo com a resposta do paciente, sempre por prescrição e supervisão médica (preferência por um reumatologista) devido aos efeitos colaterais destas medicações. Nesta fase também pode ser utilizada hidroxicloroquina, associada ou não ao glicocorticoide.
  • Fase crônica: para os pacientes cuja dor musculoesquelética apresenta-se que não respondeu aos medicamentos, poderá ser associado o metotrexato e/ou a sulfassalazina, sobretudo naqueles com dificuldade de retirada da prednisona.

A fisioterapia é importante em todas as fases da doença. Na fase aguda devem ser iniciadas, assim que o paciente suporte. Nas fases subaguda e crônica são indicados exercícios leves, terapia manual, crioterapia e orientação postural.

tratamento de chikungunya

Posso ficar com sequelas ou lesões crônicas da Chikungunya ?

Cerca de 30% dos pacientes acometidos pela infecção pelo CHIKV podem evoluir para a forma crônica da doença. Dentre os fatores reconhecidos como associados com a persistência dos sintomas temos:

  • Sexo feminino
  • Idade acima de 40 anos
  • Envolvimento de muitas articulações na fase aguda
  • Osteoartrite (artrose)
  • Diabetes

Por outro lado, a presença de dor articular sem inchaço ou rigidez foi associada a maior probabilidade de recuperação.

Como me prevenir da Chikungunya ?

Para a prevenção do mosquito que transmite a doença é recomendado:

  • Usar calças e camisas de mangas compridas, para proteger as áreas que o mosquito possa picar.
  • Uso de repelente à base de DEET (N-N-dietilmetatoluamida), IR3535 ou de Icaridina nas partes do corpo expostas, além de poder ser aplicado nas roupas também. O uso deve seguir as indicações do fabricante em relação à faixa etária e à frequência de aplicação. É seguro o uso desses produtos em grávidas.
  • Uso de mosquiteiros sobre a cama e uso de telas em janelas e portas
  • Evitar acúmulo de água parada em casa e no ambiente de trabalho

Leia mais em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/chikungunya

Fonte: Ministério da Saúde e Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia (2ª edição), adaptado por Bruna R. L. Santos.

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